Compromissos climáticos do G20 são criticados na COP29

Lideranças mundiais afirmam que os planos de financiamento climático apresentados pelo G20 não atendem aos requisitos imediatos para combater os impactos das mudanças climáticas

Por Redação InFluxo Ambiental

Durante as reuniões da COP29 deste ano, especialistas e líderanças de todo o mundo mostraram decepção com os compromissos de financiamento climático do G20. O termo "financiamento climático" dominou os corredores durante os dias de abertura da Conferência, com muitos de seus críticos considerando que as ofertas dos países mais ricos para apoiar a transformação verde e a adaptação climática estão longe de ser suficientes.

As discussões nos corredores dos locais da Conferência levantaram um dos lamentos perenes nas cúpulas climáticas: que, à medida que os impactos das mudanças climáticas aumentam, os recursos prometidos para mitigação e adaptação não acompanham a velocidade e a escala necessárias. Os países em desenvolvimento, que estão particularmente sofrendo com os impactos da crise climática, enfatizaram que a ausência de financiamento adequado é uma barreira para uma ação eficaz.


Finanças climáticas: o G20 está falhando em liderar?

Nas reuniões, muitas lideranças criticaram duramente o G20, que compreende as maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento, por sua postura. O progresso tem sido lento, apesar das promessas reiteradas em edições anteriores de arrecadar até US$ 100 bilhões por ano para 2020 para apoiar países vulneráveis. Mesmo quatro anos após o prazo acordado para atingir esse valor, dados recentes confirmam que a meta ainda não foi totalmente cumprida.

A outra questão que gerou destaque foi a pressão ao Fundo de Perdas e Danos estabelecido na COP28. Esse Fundo deve pagar os países em desenvolvimento pelos efeitos inevitáveis ​​das mudanças climáticas. No entanto, de acordo com as opiniões dos analistas, as contribuições dos estados do G20 para o Fundo ainda são simbólicas e não atendem às necessidades reais.

G20 foi criticado por lideranças globais por sua postura falha com relação às finanças climáticas


"Precisamos de mais ambição e ação concreta. O G20, como o principal motor econômico do mundo, tem a responsabilidade de liderar, não apenas entregar o mínimo", disse Mariana Costa, ativista ambiental presente na COP29.


Implicações em escala global 

O financiamento climático inadequado não é apenas uma preocupação econômica, mas uma questão de sobrevivência para milhões de pessoas. Ele impõe grandes dificuldades e obstáculos resultantes de secas extremas, inundações devastadoras, elevação do nível do mar e outros desafios. A maioria dos países mais pobres é incapaz de implementar reformas políticas que ajudem a reduzir a vulnerabilidade de seu povo e facilitem a mudança para economias de baixo carbono, caso não obtenham o apoio necessário.

Durante as discussões, o representante do pequeno Estado Insular do Pacífico, Mohammed Al-Fahim, fez um apelo apaixonado. "Estamos literalmente assistindo nossas terras desaparecerem. Sem financiamento climático suficiente, o G20 está condenando nossas nações à extinção."

Além disso, a ausência de fundos dificulta a implantação de soluções, como energia renovável em larga escala ou tecnologias de captura de carbono. Especialistas alertam que, se não forem superadas, esse contexto pode comprometer as metas globais de limitar o aquecimento a 1,5°C, que foram definidas no Acordo de Paris.


O G20 e o impacto para o futuro 

Após considerável pressão, a revisão dos planos financeiros foi admitida de prontidão. Porém, as ONG's alertam que isso deve se traduzir em compromissos vinculativos e monitoráveis.

Também foi notado que uma das questões da Conferência era revigorar a colaboração entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. "Não se trata apenas de transferir recursos, contudo também de construir canais de parceria que vão capacitar as comunidades locais e garantir o suporte adequado ao desenvolvimento de soluções sustentáveis", observou o especialista em finanças verdes Rafael Lima.

Durante as discussões da COP29, os países mais vulneráveis ​​continuarão pressionando por um financiamento climático mais robusto e, muito importante, inclusivo. Espera-se que, até o encerramento da Conferência, o que foi apresentado reflita a urgência do momento de "casa em chamas" e ofereça caminhos concretos para uma transição justa.

A COP29 mais uma vez expôs a lacuna entre promessas e ações sobre as mudanças climáticas. A responsabilidade do G20 é liderar o financiamento climático, mas a demonstração ainda está aquém. Com o futuro do planeta em jogo, a pressão sobre esse grupo para tomar medidas mais ousadas nunca foi tão urgente.

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