Durante celebração especial pelo cuidado com a criação, o pontífice ressalta a importância da justiça ambiental, critica ações humanas destrutivas e pede união global pela preservação do planeta
Por Redação InFluxo Ambiental
Em missa solene realizada no domingo (6), Papa Leão XIV afirmou que “nós vivemos em um mundo que está em chamas”, referindo-se ao desastre ecológico provocado pelas pessoas.
A cerimônia foi realizada no Vaticano, dentro da programação do Tempo da Criação, projeto da Igreja Católica focado na conscientização ecológica. Frente a milhares de fiéis e autoridades religiosas, o líder católico fez um chamado urgente por justiça climática e ações concretas nas políticas públicas e estilos de vida mundiais, alertando que a Terra “não pode esperar mais”.
O evento reforça o posicionamento da Santa Sé frente à crise climática, que chama a atenção para o impacto negativo das guerras, do desmatamento, da poluição e da exploração predatória de recursos naturais. Para o Papa, é necessário que todas e todos – governos, empresas, comunidades e pessoas – assumam responsabilidade pela criação, antes que os danos sejam irreversíveis.
Missa pela criação marca urgência da ação climática
A missa celebrada na Basílica de São Pedro, em Roma, deu início oficialmente ao mês de reflexão e de oração pelo meio ambiente, que termina em 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia.
Diante de um altar decorado com elementos da natureza e imagens de animais e plantas em risco de extinção, o papa Leão XIV fez valer a sua homilia para dar um dos seus discursos mais incisivos, no pontificado, sobre a crise ambiental.
“O ar saturado de fumaça, a água contaminada, e a terra exaurida. Estamos num mundo que arde, não só pelas chamas das florestas consumidas, mas pelo egoísmo e pelo indiferença que consomem a nossa casa comum”, disse.
Críticas à política ambiental e ao "culto ao consumo"
O papa foi firme em sua crítica à falta de ação dos líderes políticos no que diz respeito às mudanças climáticas e identificou a "cultura do consumo" como uma das fontes do desastre ambiental. Para ele, a justiça ambiental não é somente um problema ecológico, mas também uma questão moral e espiritual.
"Não há paz sem justiça. O planeta clama por reparação e os pobres – os que mais sentem os efeitos das enchentes, secas, queimadas e escassez – clamam por justiça", disse Leão XIV a respeito da ação concreta que deve ser tomada para combater a desigualdade geográfica.
Papa Leão XIV defende pacto global ecológico
Em alinhamento com sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, compartilhada dias antes, o Papa renovou o chamado ao pacto global ecológico que reúna ciência, fé e a política.
O pacto propõe a reformulação de sistemas econômicos que promovam o desperdício e a destruição do meio ambiente, além do aumento de políticas publicas que protejam a biodiversidade e as populações mais vulneráveis.
“O futuro da vida na Terra depende das escolhas que nós fazemos agora. O que existe é um dom de Deus, e, portanto, cuidar é um ato de fé e amor ao próximo”, disse o pontífice, que também pediu que as comunidades cristãs de todo o mundo pratiquem sustentabilidade em suas paróquias e em iniciativas pastorais.
Apoio das lideranças religiosas e ambientais
A celebração teve a participação de representantes de outras religiões e movimentos ecológicos, sinalizando o caráter ecumênico e interinstitucional do apelo feito pelo Papa.
A mensagem de Leão XIV foi bem acolhida por institutos como o Movimento Católico Global pelo Clima, que enfatizou a contribuição da fé na construção de uma cultura de responsabilidade ambiental.
Para o arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, o pronunciamento do Papa é “um clamor profético, que acusa os pecados ecológicos da humanidade e aponta caminhos de conversão”.
Para ele, a Igreja é chamada a acompanhar os sinais dos tempos e se colocar junto aos que mais sofrem com os impactos da catástrofe ambiental.
O Tempo da Criação, que se estenderá até outubro, será caracterizado por ações, encontros e reflexões realizadas por dioceses, pastorais e fiéis comprometidos com a causa ecológica. "Ainda há tempo para mudar, mas não há mais tempo a perder", conclui o Papa.
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